quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

A Esfinge e a tartaruga part 2




- Cof - a tartaruga ouviu a Esfinge tossir, seus olhinhos ficaram arregalados por um bom tempo, como se pensar fosse a coisa mais penosa que já lhe acontecera. Timidamente perguntou:
- Está tudo bem Esfinge - essa foi a frase mais plausível que passou pela cabeça. Uma tola, pensaria a Esfinge, porém para nossa surpresa, ela lhe retribuiu com mais de meia dúzia de palavras.
- É esse tempo que muda a cada hora! Assim fico a todo momento tossindo, desculpe por perturbá-la; a pequena tartaruga não acreditou no que ouviu... era um pedido de desculpa? Não por isso Esfinge, é um prazer poder ouví-la tossir quase que periodicamente... Com essa, já são 15 tosses só nas primeiras horas! Tomando um pouco mais de coragem, a tartaruga resolveu dar continuidade a conversa, algo que esperava e ensaiava há tempos.
- Sabe, você precisa se cuidar- era muito zelosa - por que não tomar alguma pastilha? Gengibre, gengibre também é muito bom e... - ela fez uma pequena careta - mel... ouvi dizer que mel faz bem a garganta - era alérgica a mel. Porém era tarde demais e não havia como consertar esse pequeno deslize. No dia seguinte, ela levou umas folhinhas de hortelã para Esfinge, no qual ficou muito feliz com esse gesto. Ela agora sabia da existência do pequeno réptil!

Por alguns dias era comum trocarem algumas palavras, ás vezes a Esfinge ficava muito ocupada e era muito minuciosa em suas funções; talvez por isso a tartaruga ficava receosa quando tentava iniciar um papo... já era lerda por natureza, com uma pitada de timidez, a coisa torna-se pior. Mas nas poucas horas de conversa eles foram descobrindo que tinham pontos em comum,
como por exemplo, adoram descansar em baixo das palmeiras, repudiavam as ações dos corsários e admiravam o mesmo som que a natureza oferecia. Certo dia, a tartaruga percebeu uma imagem reproduzida em sua pata direita.
- Desculpe-me a intromissão, mas que figura é essa?
- Sou eu e o filho de meu fraterno... - mas ela não deixava de permanecer vigilante. Fez um silêncio muito grande, a pobre tartaruga estava prestes a retornar ao casco mas foi surpreendida pela Esfinge.
- Sou o último de uma família composta por 3 herdeiros, esse ao meu lado é filho do meu irmão mais velho.
-Eu também sou a última de meus descendentes e... - não conseguia achar nada de interessante que pudesse prender a atenção da Esfinge. Ela por sua vez, parecia não querer cessar a conversa.
- Toda a nossa origem é do Lácio, embora muitos pensem que viemos do Egito, aposto que você pensou isso! - e um sorriso enigmático surgiu em sua face. Ela pensara que a tartaruga se enganava como os outros. - E você vem de onde?
- Bom, não pode parecer mas meus descendentes são do Lácio também, embora não somos tão nobres quanto a sua. Há também um erro em achar que viemos de Galápagos, mas não fico brava, ninguém é obrigado a saber de tudo.
E para provar o quanto era ligada a região do Lácio, ela mostrou seus conhecimentos em latim.
- Meu clã é o Púpia, e com passar dos anos foi renomeado Púpius. Essa palavra até hoje muito utilizada, por exemplo, na biologia. Sabia que a fase em que a borboleta se fecha num casulo chamam de "pupa"? - antes mesmo da Esfinge responder a tartaruga emendou: - "Pupa" pode significar "boneca" ou "menina"; talvez seja porque a borboleta não chegou nem à adolescência quando fica escondidinha no casulo...
-Ela está se preparando para uma grande transformação, vejo que há até uma certa semelhança entre você e uma borboleta, digo, você tem o hábito de se esconder no seu casco, como se ainda esperasse por uma grande transformação.
- Eu ainda não sou livre como uma borboleta - era isso que desejava dizer, mas as palavras ficaram presas, ó céus, até suas palavras não conseguiam ser livres.

Bom por hoje encerro mais um capítulo dessa bizarra história. Mas aguardem, pois há mais fatos e seres que faltam ser apresentados.
See ya!

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