Água fria causando arrepios. Sorrio. Aquela quantidade de líquido avançando e recuando na baía..e eu acabo ficando mais molhada. Numa fração de segundos eu já estava distante da costa e, a princípio, minha relação com o mar era pacífica e da mais perfeita harmonia. Fiquei à deriva por confiar em suas águas. O dia estava claro e só as gaivotas rasgavam o céu azul. Desejei muito que continuasse sempre assim: o mar me abraçando, me protegendo e me guiando.
Fiquei em transe por um dia, mas parecia que um mês havia se passado. Quando dei por mim., tudo havia mudado, não sabia mais onde estava. Há várias nuvens negras me espionando, olhares ameaçadores giravam em espirais. Eu não tinha a menor chance de me proteger dos seus raios. Estava na água, questões de segundos para morrer eletrocutada. Esse é meu fim, na minha própria fortaleza. As ondas tomaram proporções gigantescas e o seu som, outrora tão reconfortante e lindo, agora é uma sinfonia claustrofóbica e ameaçadora. Não quero mais ouvir essas notas. Aonde foi parar aquela beleza e transparência? Água turva e perigosa, fui parar em sua armadilha e não importa a minha luta para chegar à superfície, o mar quer que eu afunde. Ele não quer que eu descanse meu corpo na areia fofa, quente e segura. Balanço meus braços e pernas freneticamente, mas só vou descendo, descendo e descendo. Quanto mais devaneios eu tenho, maior o controle do mar sob mim. Ele sussurra mentiras para que eu fique bem. Mas eu acabo descobrindo. Lá em cima há um navio fantasma que levou todos os meus sonhos, os meus maiores tesouros. Minha visão embaça e meu coração começa a bate cada vez mais fraco. Aqui jaz a Estrela única, joia rara do mar.
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