segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A mais perfeita definição do Amor

Depois de muito refletir, re-re-fletir, re-re-re-re-refletir mais um bocadinho, eu cheguei a uma brilhante conclusão:  amor é uma paçoca! Desculpem todos os pesquisadores que tentaram decifrar o amor vasculhando o cérebro humano, me perdoem os escritores que tentaram por diversas vezes contar em verso e prosa esse sentimento tão complexo. Camões tentou e se enrolou; não adiantou os romances com donzelas virginais do Romantismo, nem as teses criadas pelos Realistas/Naturalistas. Não adiantaram as músicas tocadas à exaustão. Foi essa simples persona que descobriu a lógica no amor. 

O amor é um paçoca! Ele é lindo, doce, perfeito e atraente à primeira vista, abrindo o nosso "apetite". Mas após a primeira mordida ,ou se apertarmos muito, ele se despedaça. 






Vou poupar a Planeta


Eu acho que já comentei aqui sobre um escritor chamado Mário Prata. Ele é um ótimo cronista, autor dos livros "Os 100 melhores contos (que na verdade são 129)", "O diário de um magro" , "Minhas vidas passadas", etc. Eu tive o primeiro contato com ele ainda na 5ª série em uma aula de redação da professora Renata, estávamos aprendendo a diferença entre Romances, Contos, Crônicas... Os textos do Mário são deliciosos e acabaram tornando-se pírulas de felicidade para mim. 

Na segunda-feira passada mesmo, eu fui ao cinema para ver a animação "Valente" e levei junto comigo a minha mais recente aquisição, "Minhas Tudo", para ler ao longo do caminho. Bom, eu saí do emprego mas o emprego ainda não saiu de mim. Pela força do hábito eu quase estendi a mão para pegar o ônibus Ana Rosa 175P, o mesmo que me levaria ao meu ex-trampo. Ok, deu para disfarçar e não fiz o motorista parar (já imaginava os elogios que ele faria à minha mãe caso eu falasse que era um engano!). Mas o ônibus que me levaria ao shopping logo chegou e eu pude ir tranquila. Os outros passageiros devem ter pensado que eu era louca ou no mínimo imaginaram que eu lia um livro de piadas.  Mas não pensem que eu dou daquelas gargalhadas escandalosas. Tá mais para aquelas risadinhas de sitcons. Tudo por culpa do Mário, o cara consegue extrair de coisas bem banais um ótimo mote para um divertidíssima história. Gosto tanto, embarco nessa viagem que é a leitura, que às vezes eu o imagino ao meu lado, contando suas histórias entre um uísque e outro. Desculpem-me o trocadilho, mas o Mário Prata vale Ouro!

A leitura fluiu tão bem que em menos de uma semana eu já terminei de lê-lo. Dava um desespero danado ao perceber que faltavam poucas páginas para o fim. Então do nada eu comecei a fuçar o livro. Reli a orelha (um texto do Jorge Caldeira). Depois só agora eu me dei  conta de algo que sempre esteve na minha cara mas nunca tinha parado pra refletir: por que diabos as páginas 1 e 3 apresentam apenas o nome do livro (bom, geralmente na terceira folha além do nome do livro há também o nome do autor)? O que será que as editoras pensam de nós, os leitores??? Que não somos  espertos o suficiente para ver o nome do livro na capa? Será que já aconteceu de alguém comprar um determinado título e ter o nome de outra obra nas páginas 1 e 3? 

O mais curioso estava reservado na página 4. Lá há as informações para catalogação. Descobri que a revisão foi feita pela Vívian Miwa Matsushita (bom nome para restaurante japonês), a diagramação por um tal de Triall ("todos os três?") e a capa pela Silvana Mattievich (saúde). Mas o que mais me chamou a atenção foi esse trechinho:

2012
Todos os direitos desta edição reservados à 
EDITORA PLANETA DO BRASIL LTDA.
Avenida Francisco Matarazzo, 1500 - 3º andar - conj 23B
Edifício New York
05001-100 - São Paulo SP

Caçarola, a editora fica no mesmo prédio onde se localiza um parte da minha ex-empregadora! Não, eu nunca tinha ido ao New York (e se fosse pra ir, que fosse a cidade mesmo tão bem representada em Friends e Seindfeld) pois eu trabalha no prédio da Barra Funda. Mas o diretor e gerente e outras pessoinhas ficam nesse aí. Poxa, todos os meus planos de ataque terrorista àquele prédio foram por água abaixo, afinal lá está a mesma editora que garante uma parte do ganha pão do Mário. E sem falar que é a mesma editora responsável em oferecer champagne aos leitores em seu estande na Bienal. É...melhor deixar meu plano pra lá (ou até que o Mário Prata lance livros por outra editora!)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MADonna

Madonna comemora hoje 54 primaveras. Boa desculpa oportunidade para eu listar as minhas 10 músicas favoritas da Material Girl. Para o ranking eu optei por canções que tenham videoclipes legais e olha que foi difícil a missão mas aqui vai a lista:

10º) Beautiful Stranger :


Parte da trilha sonora do filme do Austin Power, é uma delicinha pop. Nunca vi a Madonna cantá-la em nenhum show. Uma pena! Essa canção consegue unir bem o moderno ao som retrô! O clipe é bem simples, com a Madonna dançando e seduzindo o Austin. Aliás, ela está muito linda em cena, com um figurino lindo! A letra fala de uma mulher que sofre de amor (ou seria tesão?) à primeira vista por um belo estranho e mesmo percebendo que pode sair machucada ao se envolver com o cabra, ela engole o orgulho e canta para o mundo inteiro que terá sua chance com ele! E qual mulher, por mais segura de si, não caiu na lábia de um diabo disfarçado?

9º) Music : 



Hey Mr DJ, put a record on...I wanna dance with my baby. É com essa ordem que a rainha do pop chama seus súditos para a pista. Foi a primeira tentativa ( e a única bem sucedida, diga-se de passagem) da cantora  em atacar de "mana". O clipe até tira um sarro dos clipes protagonizados pelos rappers motherfuckers lá dos EUA. A letra tem a profundidade de um cinzeiro mas aliada aos bons grooves do DJ, fica impossível de não se jogar na pista.

8º) Open your heart :

Nesse clipe a Madonna deixa de ser aquela moça roliça de Like a Virgin para dar lugar a essa loiraça musculosa, capaz de virar a cabeça de homens e meninos (safadjeeeeeeenha). A  letra simples mostra uma moça decidida e apaixonada que não medirá esforços para conquistar o rapaz que tanto ama. Não sei se é porque eu cresci, mas a música perdeu certa ternura, principalmente no refrão "Abra o seu coração para mim, baby/ Eu tenho o cadeado e você tem a chave" - não é de hoje que cadeado e chave são metáforas para os órgãos sexuais feminino e masculino, respectivamente! Minha imaginação é tão fértil!!!

7º) Vogue:

Esta foi a canção que tornou a Madonna diva da comunidade gay. A coreografia foi inspirada nas poses de modelos nos famosos editoriais de moda. Ela foi copiada à exaustão por fãs - mas eu até hoje me embanano com o movimento das mãos!!! Desde então fica impossível ver um desfile de moda e não ter a música Vogue na cabeça. Sem falar que esse clipe já apresenta um certo ar de sofisticação que faltava nos clipes do início da carreira dela.

6º) Human Nature:

Para mim, essa letra é uma desabafo da Madonna a todos que a criticaram pelo "excesso" de ousadia no álbum anterior, Erotica. Mas a cantora não dá ponto sem nó e a letra deixa transparecer um certo ar de deboche ("Eu disse algo errado? Ops!...eu não sabia que poderia falar sobre sexo!"). Aliado a esse clipe sexy, ultra coreografado e com até divertido, Human Nature tem o honroso sexto lugar!

5º) Take a Bow:

Dizem as boas e más línguas que a Madonna produziu esse clipe a toque de caixa, para provar aos produtores do filme Evita que ela poderia fazer o papel da protagonista. Esse clipe possui várias nuances: a virilidade do toureiro tanto nas cenas da arena quanto na imagem dele pisando nos cacos de vidros,sem demonstrar nenhuma expressão de dor. Em contra partida, a persona encarnada pela Madonna apresenta-se como uma santa, uma mulher recatada mas que em quatro paredes é um vulcão em erupção (ou seria ousadia minha dizer que ela está se masturbando na cena em que ela está na cama, usando apenas lingerie e observa o amado na televisão?).

4º) Material Girl:


Inspirado em uma cena de um filme da Marilyn Monroe, a Madonna mostrava suas garras e sua maior ambição: se tornar um ícone feminino tão forte quanto a atriz-diva dos anos 50. Sem receio nenhum ela canta aos quatro ventos que é uma garota materialista (será que surgiu daí a fama das mulheres serem interesseiras?). Essa é mais uma pérola pop que resiste ao tempo!

3º) Ray of Light:


A música faz parte do álbum homônimo, fez grande sucesso - vide ela ter papado todos os prêmios a que concorria no Video Music Awards de 98 por causa desse clipe. Foi o primeiro álbum lançado após o nascimento de Lourdes Maria e a cantora se apresentava mais calma e reflexiva. Era também o primeiro disco que ela abraçava de vez a música eletrônica, nos dando músicas muito etéreas e com um toque até místico.

2º) Rain:


Sou suspeita em dizer, mas prefiro a Madonna morena! Esse clipe é figurinha carimbada no Disk MTV lá pelos anos de 94. Tem uma fotografia linda, valorizando o contraste da pele branquíssima da cantora com os cabelos e cenários negros. Uma música tão linda que não poderia cair num clipe clichê: em vez de alguma cena romântica, fomos convidados a conferir um 'making of' do clipe. O diretor soube trabalhar bem com o formato dos objetos, com a iluminação e soube valorizar a beleza da Madonna.

1º) Like a Prayer:


Olha lá, não falei que a Madonna fica mais bonita morena???!!!! Não é à toa que eu elegi um clipe em que ela aparece com os cabelos escuros, encaracolados, rebeldes. Mas não é só por isso: Like a Prayer tem o dom de me fazer arrepiar desde os primeiros acordes. E o clipe é um capítulo à parte, pois consegue ao mesmo tempo criticar a Igreja Católica e o racismo (não é coincidência a disposição dos cenários da igreja e da prisão serem semelhantes). Eu acho que não há refrão mais poderoso do que esse: Quando você chama pelo meu nome/ É como uma pequena oração/ Estou de joelhos/Eu quero levá-lo até lá/ E à meia noite eu posso sentir seu poder/ Apenas como uma oração/Sua voz me levará até lá

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Tarde familiar...e com a Bianca

Esse foi meu segundo domingo consecutivo no apê da minha maninha número dois, a Eliana. Só fiquei sabendo na véspera que passaríamos o dia dos pais lá. No domingo pela manhã eu acompanhei com muita angústia a vitória da Rússia contra o nosso Brasilzão por 3 sets a 2, válido pela disputa da medalha de ouro. Não foi uma derrota vexatória como foi da turma do futebol, pois a maioria das seleções de vôlei do leste europeu são fortíssimas e o Brasil das quadras não jogou contra babinhas, ao contrário do Neymar e cia. Além do mais, chegar a uma terceira final olímpica consecutiva não é para qualquer um.

O meu cunhado Fábio veio nos buscar (eu, mamis e a Márcia, a mana mais velha) acompanhado do amigo dele, o Sheldon (não, ele não tem nada de parecido com o personagem do The Big Bang Theory). Seguimos para Guarulhos ao som de uma trilha sonora espertíssima. Não é sempre que meu cunhado abre a mão de ouvir a insossa da Paula Fernandes para nos brindar com:








O apê estava cheio de gente bacana: a nossa "Carminha", Silvana (não pela personalidade mas sim pelo look inspirado na louca da novela), o seu marido Adilson (o Japa), o filho deles Lucas. A Érika, esposa do Sheldon, estava dando um help para a Li na cozinha e meus sobrinhos Thiago (que será papai no fim do mês) e Matheus estavam arrumando as mesas. Depois a minha irmã número três, Luciana, chegou com o seu marido Rodrigo e com o Gá e a Malu. É impossível ir à casa da Eliana e não sair de lá com uns quilinhos extras!!! Ela tem todas as qualidades de uma grande mestre-cuca: além de pratos deliciosos, irresistíveis de saboreá-los uma única vez, ela também capricha no visual. Comemos com os olhos, nariz e com a boca, é claro. O menu foi composto por uma travessa de bacalhau ao forno com batatas,  salada de brócolis com lascas de bacalhau (não entendo essa adoração dos meus familiares por esse peixinho), frango assado, salada verde e arroz.  Pensam que acabou? não, almoço do dia dos pais não é completo sem sobremesaS. Sim queridos, com todos os "S" a que temos direito. Pavês de morango e chocolate, quindins, torta holandesa, canudinho com recheio de doce de leite, manjar, bolo de limão...até fiquei triste de tanto comer. 

Para fazer a digestão, fui com a Márcia e as crianças até o Lago dos Patos. É bem pertinho, basta atravessar a rua. O pessoal gosta de caminhar ao redor do lago ou de sentar nos quiosques para comer alguma besteirinha e ficar de pernas pro ar. Quando voltamos ao apê, os marmanjos estavam assistindo uma partida de futebol, mas o jogo estava tão xexelento que começamos a prosear sobre as peripécias das crianças.

Gente, a Malu me tinha me perguntado o que é prostituta. Mas de onde você tinha ouvido essa palavra, mocinha???? Ah, surgiu na minha cabeça assim de repente, Bizu!!!!! 

Outro dia, começou o Sheldon, eu ia dar uma bronca no meu filho, o Pedro. Ele mais do que depressa me veio falar que existia uma lei que proíbe os pais de baterem nos filhos. Daí eu perguntei se ele conhecia a lei em que os filhos devem obedecer os pais. Ele pensou, pensou e me solta essa: Não tô sabendo da criação dessa lei não; é nova pai????

Fábio: "Quando o Thiago era pequeno eu e a Eliana pegamos ele dentro do berço, enforcando o Matheus!!! O menino já estava ficando roxo! Eu peguei o chinelinho do Sonic dele e lhe dei umas três chineladas bem dadas...Foi tão forte que deve ter até hoje a marquinha do Sonic na bunda dele!!!!"

Mas aquela tarde ainda guardava uma grande surpresa. Dessas para serem contadas em verso e prosa em futuros encontros. Acabado a sessão 'criança apronta cada uma', eu pedi ao meu cunhado para colocar na Record para conferir a cerimônia de encerramento dos jogos olímpicos. Festa em Londres só poderia ser marcada por música boa qualidade: George Michael,  Fatboy Slim, Muse, Beady Eye (tocando Wonderwall, ♥) e até ressuscitaram o John Lennon, Freddie Mercury e até as Spice Girls:


O único porém era o fato do Thiago e do fábio não conseguirem ligar o home theater (ou "romi tíeter", como diria meu cunhado). Todos queriam ouvir as guitarras de Brian May  em alto em bom som. Fuça dali, clica acolá, pluga e despluga. Até que eles conseguiram tirar a tv do ar. Quando retornaram, aparece na tela um travesti em nu frontal sendo encochado!!!! Gritos e risos da galera (ainda bem que as crianças estavam na varanda). Eu tampei imediatamente meus olhos e falava repetidamente "eu vou ter pesadelo com essa p*rra!" Foram os cinco segundos mais angustiantes de nossas vidas (mas foi possível ver o nome da 'garota': Bianca). As brincadeiras não acabavam: 

"Mô, falei pra você trocar de canal depois de ver o canal da diversão!" 
"Eu hein, sai pra lá Fábio, eu não preciso ver essas coisas"
"Quem foi o último a ver a tv? Thiago, Matheus??"
"EU VI UMA MULHER COM PINTO!"
"Eu sabia que isso iria acontecer! Temos que bloquear o canal"
" A cara de susto da Bizu foi a melhor: AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHH"

Nossas tardes não serão as mesmas depois da aparição de Bianca, rs!



sábado, 11 de agosto de 2012

O prazer de ensinar e de aprender

Ontem eu marquei presença na Bienal do Livro lá no Pavilhão de Exposições do Anhembi. Foi a primeira vez que eu fui sozinha ao evento. Passei o período da manhã arrumando minhas tranquelhas para ter a tarde livre. Era preciso chegar com certa antecedência pois eu fazia questão de conferir o bate-papo entre o apresentador, jornalista, eterno Telekid (porque sim não é resposta) e Professor Tibúrcio (olááááá classe), Marcelo Tas e a escritora Ruth Rocha. Antes de sair de casa, eu ainda tive um tempinho para trocar sms com o Pâm e o Ráfaga. O mineirinho queria muito ir, eu estava encarregada de guardar uma senha para ele ( o Salão de Ideias tem a capacidade de 188 pessoas) enquanto ele saia do trabalho e o  encontraria por lá. Infelizmente ele não conseguiu ir. Saí de casa às 15:45, passei no banco para sacar o dinheiro da entrada (eles aceitavam pagamento através do cartão de débito, mas vocês sabem, vai que o sistema da maquininha caísse bem na minha vez?).

Do metrô Tucuruvi até o Tietê é rapidinho, eu só não poderia dar bobeira e esquecer de descer na estação correta. Afinal, eu estava tão acostumada de seguir até a Sé e fazer a baldeação para seguir até a Palmeiras-Barra Funda. Do Tietê saíam os ônibus gratuito  encarregados de levar público até a Bienal. Eu já imaginava uma fila quilométrica mas me enganei! Vi um senhor com a camiseta do evento perguntando quem estava indo para lá e indicava o ônibus. Eu achei que tivesse entrado no ônibus destinado ao pessoal responsável pela organização, já que não era daqueles ônibus de viagem, mas um (confortável, diga-se de passagem) microônibus. Mas não, não paguei mico. Estava no transporte correto. 

Foi um tanto quanto estranho entrar naquele lugar enorme e sozinha. Se tudo tivesse acontecido nos conformes, eu teria a companhia das minhas garcinhas Pâmela (Pâm),  Adriano e Claudinei (Scooby), mas não foi dessa vez que aconteceu a conexão Sampa-Garça. Eu quero já listar meus pitacos quanto a organização:


  • Os funcionários da Bienal não estavam preparados. Os estandes estavam distribuídos por corredores identificados por letras mas eu esqueci de marcar em qual letra o Salão de Ideias estaria. Não havia nenhum mapinha para localização. Eu perguntei a três funcionários e NENHUM soube me dizer onde ficava o local. Tive a sorte de um visitante ter me explicado;
  • O piso estava um tanto quanto perigoso. Eles colocaram carpetes por cima das tábuas e era notável as ondulações ao caminhar e pequenos "degraus" se formavam no caminho. Um idoso, uma criança, um portador de deficiência ou um ser muito estabanado ( eu, coff coff) poderiam tropeçar fácil, fácil!
  • Muitos já sabem, mas vale a pena comentar: se for possível, levem um lanchinho de casa mesmo, porque os quiosques salgaram muito no preço. 
Eu, que não tinha pretensão de comprar um livro ontem, saí de lá com três. O primeiro adquirido foi  Filosofando no cinema: 25 filmes para entender o desejo, do Ollivier Pourriol. Pelo que percebi, o autor é um filósofo e também um cinéfilo de carteirinha. Desde 2005 ele ensina filosofia através dos filmes. Isso logo me abriu o apetite em devorar esse livro, principalmente porque tem um texto dedicado ao Toy Story. Para uma "cine-nerd-pop" que eu sou (como tão bem definiu o Lucas Farias) é uma leitura obrigatória. Não resisti e comprei A disciplina do amor - memórias e ficção, da minha autora favorita Lygia Fagundes Telles. O livro olhou pra mim e não resisti. E como todos sabem (ou deveriam saber), eu estou numa fase de ler muitas crônicas, então logo corri para uma prateleira onde só tinha livros do Mário Prata. O título que comprei foi Minhas tudo. O interessante foi que no estande da Editora Planeta (que publica esse livro do Mário) estava oferecendo champagne aos leitores! Isso mesmo, não era cidra, nem espumante. E eu tomei uma tacinha (hihihi). 


Às 18:00 eu fui ao Salão de Ideias e peguei minha senha para ter lugar garantido para a palestra. Em seguida fui comer. Apostei no Rei do Mate e comprei um toast de peito de peru com queijo prato e como acompanhamento, uma Pepsi. Sentei numa mesa sozinha e o que era pra ser uma coisa hiper simples (comer um sanduba) acabou virando um tormento. Não sei se já comentei, mas de vez em quando eu fico em pânico quando estou em lugares públicos (e principalmente quando estou sozinha). Quando eu fui dar minha primeira mordida no lanche eu vi que bem na minha frente havia uma mesa cheia de aborrescentes tagarelas. Travei na hora, pois todo tímido pensa que há um holofote mirando nele e que todos ao redor estão a espera de uma tremenda gafe. Eu queria agir naturalmente mas calculava milimetricamente todos os meus movimentos para serem precisos. Tentei me sentar numa maneira que minha barriguinha não ficasse marcando sob a roupa, mastigava devagar para não parecer uma esfomeada com um tecão de comida na boca. Por azar, o chapeiro colocou um ingrediente a mais no toast: requeijão tipo catupiry. A cada mordia o recheio meio que dançava no pão: mordia pela direita e o peito de peru escorregava pra esquerda e vice-versa. Eu tinha que fazer malabarismo para não derrubar meu lanche na roupa. Mas fui bem sucedida e saí  limpa, sem passar vergonha, os jovens da mesa ao lado nem se deram conta da minha existência e eu fiquei com uma p*ta tensão no pescoço! 

Mas chega de lenga-lenga e vamos aos finalmentes: o esperado encontro com o Tas e a Ruth. O Tas eu já "apresentei" no início do post, vamos então falar da Ruthinha! Ela é autoria de vários textos dedicados aos pepessinhos, isto é, às crianças. Li muitos textos dela durante meus primeiras anos de estudo. Meu primeiro contato foi com o livro Marcelo, Marmelo, Martelo,  que conta a história de um menininho que dava outros nomes às coisas (uma que me lembro bem era chamar colher de mexedor). No bate-papo, ela começou nos contando como começou na revista Cláudia, depois passou à revista Recreio por causa do texto "Romeu e Julieta", disse que seu interesse pela leitura partiu das obras de Monteiro Lobato e, de tantos autores que ela citou, um que ela guarda um carinho especial é o Guima (opa, minha mania de tratar os grandes escritores com intimidade! Guima é o Guimarães Rosa). O Tas também nos revelou como se jogou no mundo da leitura, comentou bastante sobre o uso de redes sociais. Legal que ele é um grande entusiasta e não vê com preconceito o que é produzido por nós, reles mortais (essa definição foi minha, não dele) na internet. Ele ressalta que ainda falta discernimento entre as pessoas ao fazer o uso dessa ferramenta. Nunca foi tão fácil nos comunicarmos, segundo o Tas. Um ponto que me chamou bastante a atenção foi o fato de ambos falarem super bem dos gibis, em especial do Maurício de Souza. É muito difícil passar a um ouvinte o que  te cativou a embarcar na leitura porque o que pode ser especial para mim pode ser uma chatice para o outro. Tanto o Marcelo quanto a Ruth falavam com um grande entusiamo e respeito sobre a jornada deles rumo ao conhecimento, que era impossível não ficar encantada. Isso gerou um flashback sobre o primeiro livro que eu ganhei na minha vida! Se não me falhe  memória o nome era Dona Traça papa-livros, ele era pequeno, com umas oito páginas. Cada página tinha um furo no meio de onde saía um fantoche de uma traça verde com um óclinhos redondo. Era só colocar o dedo indicador na Traça que ela ganhava vida e invadia os contos de fadas (Cinderela, João e o pé de feijão, Bela Adormecida, João e Maria e Cachinhos Dourados). Eram textos bem curtinhos de dois versinhos. 
Tas e Ruth em uma bate-papo informal

com a palavra, Ruth Rocha
no fim, pegando um autógrafo para Pâm!

Engraçado que nem meu pai nem mamãe me incentivaram a ler quando era muito pequena. Claro que eles davam muito valor aos estudos, mas nunca me presentearam por conta própria com um livro. Sem a menor sombra de dúvida, a TV Cultura moldou o meu caráter. Não há uma explicação lógica, talvez eu fui picada pelo monstro da curiosidade e me apaixonei logo de cara pela leitura. Eu gostava bastante de um quadro do X-Tudo em que uma menina conversava com a Sherazade e esta sempre lhe indicava um livro. Havia também um quadro exibido durante os intervalos comerciais chamado Lá vem história. Me agradava e muito. Sem falar também no Gato que vivia na Biblioteca do Castelo Rá-Tim-Bum e tinha sempre ao seu lado o Livro de Poesias (*___*). Realmente, eu amo histórias e a Cultura teve um papel importante nisso tudo. Gosto tanto de ler que desconfio ser uma das poucas alunas que gostava de ler os livros indicados pelos professores. Há um prazer indescritível, eu tenho uma amor pelas palavras, adoro brincar com elas (não chego a fazer um texto rico e refinado, mas acho que dá para o gasto, né?). E talvez o desafio que eu impus à mim mesma é transmitir esse gostinho bom para todos que estão à minha volta. Como a minha sobrinha caçula Maria Luiza está se alfabetizando, eu procuro estimulá-la com livros, gibis, revistinhas. Ela é muito ligeira e já tem uma desenvoltura de fazer inveja a muito marmanjo. Porque me entristece muito ver jovens falando sem a menor vergonha que não gosta de ler. Céus, chega a ser uma heresia. Não é à toa que há uma certa "dissintonia" nessas redes sociais, onde uma pessoa não consegue fazer uma simples interpretação de texto e acaba tirando conclusões equivocadas de um simples comentário. Complementando a frase do Tas,  nunca foi tão fácil se comunicar mas nunca foi tão difícil se fazer entender!

Saldo da Bienal:

E um convite: qual livro tornou vocês um leitor de carteirinha?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão


No dia 29 do mês passado a Globo tinha exibido no Domingo Maior o filme X-Men III - O confronto final. É um bom filme ruim. Sim, eu não gosto muito dessa terceira parte. Eu não conheço muito as histórias dos mutantes pelas HQ's, talvez minha maior referência seja mesmo aquele desenho exibido pela TV Colosso. Mas não posso negar que os dois primeiros filmes da franquia foram muito bons. São ótimos exemplos de filmes pipocas mas com conteúdo. Eu sei que o diretor de X-Men e X-Men II, Bryan Singer, fez algumas alterações nos personagens, como uma Vampira com toques de Jubileu e ele ter colocado ela pra namorar o Homem de Gelo em vez do Gambit. Mas mesmo assim eu tenho um xodó por esses filmes. O primeiro eu assisti quando estreou na Tela Quente, em abril de 2002. Eu simplesmente caí de amores pelo Wolverine/Hugh Jackman (e qual mulher em sã consciência não cairia?). Devo aqui confessar que tenho fetiche por duas partes da anatomia masculina: as "saboneteiras" (aqueles ossinhos dos ombros) e o nariz! O cara pode ser o que for, mas tem que ter nariz bonito! Futuramente farei uma lista dos narizes mais lindos, hahahaa. Foco, voltemos ao foco do post. Pode parecer besteira, mas além das boas cenas de ação e do embate entre as ideologias do Xavier e Magneto (Sir Ian McKellen, magnífico), o que mais me chamou atenção foi a relação de amizade (chegando a ser algo fraternal) entre o Wolverine e a Vampira. A identificação pode ter ocorrido pela Vampira ser retratada como uma jovem ( e eu na época ia completar 16 anos); segundo que eu achava muito interessante a história dela, de não poder tocar as pessoas sem ferí-las. Automaticamente me lembrou dois outros personagens adoráveis: o Edward Mãos de Tesoura e o Ned da extinta série Pushing Daysies. Era inconcebível para mim uma pessoa não poder beijar, abraçar, andar de mãos dadas. Parece tolo, mas se a intenção do Synger era explorar esse lado triste da Vampira, parabéns ele me fez comprar a ideia. Como o próprio professor Xavier explica, a Vampira pode ser um perigo para ela mesma! E o Wolverine, um verdadeiro andarilho, que não sabe (ou sabia) nada a respeito do seu passado, que prefere viver sozinho, mesmo assim ele foi solidário com a jovem Marie. Novamente, não sei o quanto o diretor mudou as histórias desses personagens, mas no filme o enrendo envolvendo os dois funcionou perfeitamente. Diga-se de passagem, o Hugh fez do Wolverine um personagem bem mais interessante, não o representando apenas como um ser selvagem desacerebrado. Esse papel na mão de outro ator não fluiria. Momento mais marcante para mim? A cena dos dois na estátua da Liberdade. E o Synger conseguiu elevar o nível na sequência, lançada nos cinemas em 2002. Ele deixou a Vampira meio de lado e focou na Jean Grey. O roteiro fluiu de tal forma que os novos personagens foram introduzidos de forma natural, sem forçação de barra ou correria. As cenas de lutas continuaram ótimas, especialmente a invasão do Noturno na Casa Branca, a Mística entrando na fortaleza do Stryker e o embate entre o Wolverine e a Lady Lethal. O modo sutil que o filme critica o militarismo estado-unidense e a política de "prevenção' contra "as forças do mal" foram muito bem explorados. Uma pena que o Synger não tenha continuado no terceiro filme, indo assumir a direção do mediano "Superman - O Retorno". O final da franquia caiu nas mãos do Brett Ratner e na minha humilde opinião, a receita desandou. Uma coisa que eu não gosto nesses filmes é quando eles querem introduzir personagens de qualquer maneira, sem nenhuma explicação lógica. Um caso por exemplo foi a apresentação do Fanático. Outros ficaram só para preencher espaços, não acrescentando algo de diferente à trama (o Homem de Gelo, Vampira e a Lince Negra formaram o "triângulo amoroso" mais insosso dos cinemas, Colossus entrou mudo e saiu calado, o Pyro que tinha potencial para ser mais desenvolvido foi apenas um capanga do Magneto -  e que luzes horríveis eram aquelas no cabelo do menino???!!!). Personagens legais dos filmes anteriores simplesmente sumiram sem nenhuma explicação (como o Noturno), ou perderam relevância, premiados com pouquíssimas cenas (caso da Vampira e da Mística)  e a atriz que interpretou a Jean Grey/Fênix estava no piloto automático. Justo ela que estava tão bem no filme anterior!!! Pelo que percebi o Ratner não é um bom diretor de atores, mas também errou a mão em algumas cenas de ação. Principalemente na cena em que o Magneto eleva a ponte durante o dia e quando chega ao local onde está o mutante que promove a cura...tchans! está de noite! Tá, muitos defendem que era por-do-sol, mas gente, ainda não tinhas sinais que a noite chegaria e a prisão não era tão longe assim! Tudo bem, o Nolan cometeu erro semelhante em The Dark Knight Rises. 

Todo debate sobre a cura foi jogado para escanteio em prol de cenas de lutas. Nos filmes anteriores havia um equilibrio, um timming certo para deselvover e fazer o espectador refletir sobre a questão mutante e se divertir com as cenas de ação. Mas esse filme como um todo recebe uma nota 6,5. Um ator em particular me chamou muito a atenção: Ben Foster, que assuniu o papel do Anjo. Não muito pelos dotes de interpretação porque ele foi um daqueles que entrou mudo e saiu calado. Mas desde a primeira vez que vi a foto dele na revista SET eu pensei: nossa, esse cara lembra o Layne Staley, o falecido vocalista do Alice in Chains. Tá, vocês podem achar que é viajem minha, afinal o Ben é muito lindinho comparado à aparênica junkie do Layne. Mas mesmo assim, essa semelhança não saia da minha cabeça. Eu fiquei mais convicta que eles poderiam ser (vai lá) primos de primeiro grau quando vi um filmaço chamado "Os Indomáveis". É um western muito bacana, com o Chris Bale (eeerr, Batman) e Russel Crowe (o Gladiador) nos respectivos papéis de um fazendeiro cocho e falido e um perigoso e astuto bandido. E o danado do Ben Foster consegue destaque e rouba a cena como o comparsa do Crowe. Ele é muito rude, cruel e aparece sujo de terra, como se fizesse parte do ambiente hostil em que vivia. Pronto, eu já decidi: eu quero uma cinebiografia do Alice in Chains e o Ben Foster é meu Layne Staley! Hollywood ama uma biografia de músicos ou filmes com um conteúdo musical (Ray, Johnny e June, The Wonders, Velvet Goldtime, Quase Famosos, etc), qual mal faria se mais um fosse produzido?



Acima Layne e abaixo o meu eleito para representá-lo, Ben Foster

Confesso que meu projeto seria mais ambicioso: transpor para as telas "Mais pesado do que o céu - uma biografia de Kurt Cobain". Porém existe uma pedra chamada Courtney Love que com certeza meteria o bedelho na produção. Imagine as brigas homéricas entre ela, os produtores e os ex-integrantes do Nirvana (Dave e Krist)? Uma pena, porque eu já teria escalado o meu ator para viver o Kurt: Ryan Gosling. Além de certa semelhança física, ele é um ator competentíssimo, assistam Drive e depois me retornem! 


"Load up your guns and bring your friends..."


Mas um filme sobre o Alice in Chains, focado principalmente entre a amizade entre o Layne e o Jerry Cantrell (guitarrista) não seria nada mal. Primeiro que seríamos premiados com uma reconstituição do início dos anos 90, tão efervecente para o mundo do rock. Só no ano de 1991 fomos premiados com "Metallica" (o álbum negro), "BloodSugarSexMagik" dos Peppers, "Nevermind" do Nirvana, "BadMotorFinger" do Soundgarden, "Out of time" do REM e "Ten" do Pearl Jam. O filme não poderia ter um tom documental. Eu queria que ele tivesse uma fotografia e montagem que lembrasse os videoclipes da época. A câmera deveria passar aquela sensação de que está muito próxima dos personagens (mais ou menos como ela se comporta em Cidade de Deus). Como já citei, o legal seria um roteiro focado na amizade entre o vocal e guitarrista, com direito a flashbacks da infância deles antes de se conhecerem. O auge da carreira do Alice entre 1990 e 1994, os problemas com drogas, brigas internas e por fim o falecimento precoce do Layne em 05/04/2002 seriam registrados. Eu fiquei pensando qual seria o diretor para colocar isso nas telas. 


O primeiro nome que me veio foi do Cameron Crowe, que já dirigiu "Singles - Vida de Solteiros". Apesar do nome soar de um filme de comédia romântica, a história tem uma fictícia banda grunge de Seattle, o Citizen Dick. Inclusive o próprio Alice in Chains fez uma aparição nesse filme, tocando numa festa o sucesso "Would" (que faz parte da trilha sonora). Como o Cameron já se aventurou por esse universo, nada mais natural do que ele assumir a biografia do Alice. Outro diretor que tem minha simpatia é o Guns Van Sant. Já viram o clipe de "Under the Bridge", dos Peppers? Então, foi ele quem dirigiu. Eu acharia bárbaro se ele usasse o mesmo estilo de fotografia do clipe (meio etérea, como se as pessoas estivessem entre uma neblina suave) no filme. 


Ele também foi o diretor por trás de filmes como "Gênio Indomável", "Elephant" e "Ken Park"...ah, e filmou o clipe "Weird" dos Hanson, rs. Como título, eu tenho uma grande (porém ótima) dor de cabeça. Poderia ser "We die young", faixa de abertura do álbum "Facelift", por razões óbvias (Nós morremos jovens). Mas se a amizade é o fio condutor da narração, acho nada mais justo ser "No excuses", uma das mais belas músicas composta pela dupla e muito significativa para seus autores e por mim também (não consegui postar o vídeo da música, vai então a letra apenas):


Sem Desculpas

Está tudo bem
e então chega uma hora
Não tenho paciência para procurar
Por paz de espírito

Me acalmando
Quero pegar leve
Não mais se esconder ou
Disfarçar as verdades que eu vendi

Todo dia algo
Me torna mais frio
Me encontro sentado sozinho
Sem desculpas que eu saiba

Tudo bem
Tive um dia ruim
Mãos estão roxas de
Quebrar pedras o dia todo

Cansado e triste
Eu sangro por você
Você acha isso engraçado, bem
Você está afogando nisso também

Todo dia algo
Me torna mais frio
Me encontro sentado sozinho
Sem desculpas que eu saiba

Sim, esta tudo bem
Andaremos na linha
Deixaremos nossa chuva
Uma troca fria por um brilho de sol

Você, meu amigo
Eu irei defender
E se mudarmos, bem
Te amarei mesmo assim

Todo dia algo
Tudo tão frio me acerta
Me encontro sentado sozinho
Sem desculpas que eu saiba

Bom, agora eu vou aprimorar meu roteiro para apresentar a algum executivo de Hollywood! Oscar 2014, aqui vou eu!

Adeus, estou indo para casa

Vocês já viram o filme "O Artista"? Ele foi o grande vencedor do Oscar® deste ano. Entre as categorias que levou a melhor destacam-se a de melhor filme e a de melhor ator para o mais que charmoso Jean Dujardin (pronuncia-se Dujárdan). Eu assisti ao filme uma semana antes da cerimônia de entrega do Academy Awards, lá no Center 3. Só de me recordar de algumas cenas eu já abro aquele sorrisinho tímido de quem esconde um segredo e de tão egoísta, quero mantê-lo só pra mim! Um sorriso tipo Monalisa, embora eu esteja mais para Monacrespa.  Voltando ao filme, eu posso afirmar que ele é um deleite para quem curte o cinema sem o menor preconceito. Eu sou suspeita para comentar, afinal eu adoro e tenho profundo respeito aos clássicos da sétima arte e "O Artista" tece uma bela homenagem a eles.  Pode ser filme de terror, comédia, drama, suspense, ficção científica, se o filme for honesto em sua proposta, com um roteiro bom e que faça o telespectador se envolver com a história, ele já ganha minha simpatia e vale o ingresso. "O Artista" já me conquistou pelo fato de ser filmado em preto e branco e retratar a década de 20 (se eu pudesse só me vestia como as mulheres dessa época). A história é o apogeu e queda do ator George Valentin (Dujardin), grande astro do cinema mudo. Tudo estava perfeito até o advento dos filmes com sons. Ele não aceita essa nova técnica e isso torna-se a sua derrota e entrada para o ostracismo, enquanto a simpática Peppy Miller, que começou como figurante dos filmes de Valentin, atinge de forma meteórica o estrelato. 





Mas o que me fez lembrar "O Artista" justo agora, quase oito meses depois de vê-lo? Minha identificação com George Valentin aumentou após minha demissão. A estrela dos filmes mudos estava em sua zona de conforto e (muito provável) sua arrogância e ego foram os maiores responsáveis para sua decadência. E eu que fui sempre tão centrada (e por muitas vezes burocrática) não dei continuidade a um aperfeiçoamento. Eu me contentava em ouvir que era boa no que fazia. Acredito que contribuiu em alguns aspectos, gostava de apresentar sugestões para tornar os procedimentos mais claros e práticos. Tínhamos muita autonomia e uma certa liberdade, que ocasionalmente muitos confundiam com libertinagem. 

O que ainda me deixou entristecida foi o motivo dado para minha demissão. Eu não teria mais o perfil que eles esperam. Opa, pera lá, conforme em uma das últimas reuniões, o plano da equipe ser "híbrida" foi adiado devido a não colaboração de algumas pessoas da equipe e eu fui uma, ou senão a única que tinha feito conforme combinado. E conforme meu último feedback, eu estava acima da meta estipulada. Não que eu fosse a perfeita. Me incomodava muito o modo como a equipe era gerida - não tínhamos mais feedbacks, nem reuniões, o que era acordado num momento era desfeito no minuto seguinte. Tinha muito de "entre nós dois", como se fossem favorzinhos. E a coisa começou a afundar porque eu já não escondia meu descontentamento e me sentia uma "off" do lugar (fatos já descritos no texto Ombro Amigo). Mas eu entendo que eu deveria ter me controlado mais e focar mais no que estava fazendo. Eu levo meu trabalho a sério, nunca precisei inventar historinha para justificar uma falta, sempre fazia de tudo para evitar atrasos, e só deixava de responder um e-mail após consultar meu supervisor. Mas eu era muito burocrática. Porém como eu iria conseguir uma autonomia, sendo que o próprio local não me inspirava segurança? Eu já estava no piloto automático. Talvez o motivo principal para minha demissão foi o meu comportamento. Eu reconheço que estava perdendo o controle e deveria fazer vistas grossas pra tudo que via. É, realmente, sincerocídio mata. 

Quero nesse momento descansar e levar uma vida "espartana+ateniense", ou seja, alternar momentos de turbinar o cérebro com a malhação! E realizar o que eu sempre gostei mas estava sem muito tempo: aproveitar o que há de mais simples na vida. Talvez seja  hora de eu rever "O Artista" para me inspirar no final do George Valentin (indico que vocês também vejam esse filme!). 

E por fim, agradeço todos os momentos vividos, bons e ruins, afinal como há numa música cantada pela Elis, "Vivendo e aprendendo a jogar, vivendo e aprendendo a jogar. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo mas aprendendo a jogar"

Sugestão de trilha sonora:


Não há necessidade de você dizer que você está arrependida
Adeus, eu estou indo pra casa
Eu não ligo mais, então não se preocupe
Adeus, eu estou indo pra casa

Eu odeio o jeito que mesmo você
Sabendo que está errada, diz que está certa
Eu odeio os livros que você lê e todos seus amigos
A sua música é uma merda, ela me deixa acordado toda a noite

Não há necessidade de você dizer que você está arrependida
Adeus, eu estou indo pra casa
Eu não ligo mais, então não se preocupe
Adeus, eu estou indo pra casa

Eu odeio o jeito que você é tão sarcástica
E você não é tão esperta
Você pensa que tudo que fez é fantástico
A sua música é uma merda ela me deixa acordado toda a noite

E será bom ficar sozinho
Por uma ou duas semanas
Mas sei que estarei
De novo com você

Não há necessidade de você dizer que você está arrependida
Adeus, eu estou indo pra casa
Eu não ligo mais, então não se preocupe
Adeus, eu estou indo pra casa


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Marcos,Batman e o Homem de Capuz


Ontem pela manhã eu me deparei com uma cena bizarra: um cachorro fazendo cocô em pé! Ele parou ao lado do poste do vizinho, levantou a patinha como se fosse fazer pipi mas acaba soltando as esculturas! O dia promete, pensei. Eu estava calçando minha nova aquisição, um sapato de salto alto, vermelho, bem bonito mesmo. Já tinha feito a estreia dele no chá de bebê que aconteceu no domingo, mas nunca tinha percorrido grandes extensões no alto de 5 cm! Por isso optei em ir ao trabalho de ônibus do que descer até o Metrô (já pensou se eu viro o pé?). Cheguei e antes de passar a catraca fui perguntar à mocinha da recepção qual era o horário de funcionamento do DP (Departamento Pessoal). Minha meta era pedir minha demissão. Eu tinha das 10h às 16h para falar com eles, exatamente o horário do meu expediente. Subi até o meu andar. Eu já olhava os corredores como se fosse a última vez que passaria por lá, última vez que ouviria o piiii do relógio do ponto, retirar o ticket, abrir a porta que separa a operação do nosso andar ( e falar Avada Kedavra diante dela e encostar o crachá para abrí-la magicamente). Na primeira hora eu fiz minhas tarefas normalmente até que meu então supervisor me chamou para a salinha e me deu a notícia de que eu estava sendo desligada. Não cabe ainda escrever minhas impressões sobre o motivo da minha demissão, mas me soou muito familiar com um dos temas da HQ (que também virou filme) Watchmen. Qualquer semelhança com o Ozzymandias, não é coincidência. Claro que por um lado eu fiquei chateada, como se a palavra "loser" tivesse surgido na minha testa. Porém uma pessoinha já me disse que é preciso ver o lado bom dos acontecimentos, por mais ruins que eles possam parecer. Agora pelo menos eu não tenho mais crises nervosas. ( Passado o calor da demissão, escreverei mais, para não soar muito injusta).

Fui embora pra casa e lá estavam minha mãe e o Gá. A Luciana foi levar o Rô ao médico e precisou novamente do nosso auxílio. Devido a isso que eu e mamis não conseguimos sair mais cedo para ir à noite de autógrafos que o Marcos, ex-goleiro e eterno milagreiro Palestrino que faria ao lado do Mauro Betting na Saraiva do Shopping Eldorado. Primeiro lugar, porque ir num shopping que fica lá na casa do chapéu (de acordo com meu ponto de vista) ???!! Segundo que os funcionários do metrô, CET e guardas de trânsito em geral não sabem passar uma simples informação de como chegar em tal lugar!!! Foram 3 informações diferentes e todas erradas! Eu só tinha ido uma vez ao Eldorado, no longínquo ano de 94 para ir ao parque da Mônica e obviamente não me recordaria do caminho. Resultado: ao chegarmos no local, havia uma fila quilométrica, dificilmente todos sairiam de lá com o autógrafo do Marcão. Uma pena, minha mãe estava empolgada para vê-lo. Apesar dela ser são-paulina, ela tem uma simpatia imensa pelo Marcão (mas quem não tem, né?). Bom, não teria jeito, resolvemos voltar pra casa. Pegamos um ônibus que iria até o metrô Paraíso. Confesso que estava tão "p" da vida que nem olhava para o lado de fora. Mas depois me toquei que estávamos na Avenida Paulista, mais precisamente em frente à estação Consolação. Fiz o irresistível convite de ver o filme do Batman lá no Center 3. E lá fomos nós. Sessão das 20h, ainda dava tempo de comer um lanchinho (eram 19h30). Entre uma mordida e outra no meu sanduba, eu ia trocando sms com o Ráfaga (mal saí e ele já sente a minha falta). 

Na sala estava tudo normal, exceto o fato da minha mãe ter reparado num sujeito sentado bem na poltrona central, com um moleton preto e o capuz cobrindo o rosto. Vixi, f#deu, é hoje que vou morrer! Não estava nem frio dentro da sala para o cara estar vestido daquele jeito. Só poderia ser uma assassino-maníaco-biruta que daria o cabo na gente! Os trailers rolando na tela e eu lá com minha atenção toda voltada ao comensal da morte. E  agora? Se ele atirar, eu saio correndo (estava sentada na cadeira do corredor) ou me abaixo??? Seria mais heróico me jogar na frente da mamis para ela não levar um tiro?? Ó céus, nunca pensei que ser morta num massacre seria tão complicado! O filme começa e conforme ele vai sendo exibido, eu consigo relaxar. O homem abaixa o seu capuz e revela ser um careca, igual ao Bane!!! Eu até sentei mais pra ponta da poltrona pra ver se ele também tinha alguma focinheira. Não, mas ele sempre sentava mais pra frente em todas as cenas de tiroteiro. Obviamente para imitar o ídolo na matança que ele está planejando executar em instantes. O fim do filme chegou, sobe a trilha do Hans Zimmer, minha mãe enxuga algumas lágrimas e vamos embora. O comensal da morte continuou por lá, sem se mexer. A cereja do bolo foram as mensagens trocadas por mim e pelo Ráfaga:

"Sinto desapontá-lo, mas sobrevivemos!"
"Aaaaaaah :-( Nao eh possivel que o cara que eu e o Marcelo contratamos arregou!"

Obs: ah, faltou comentar um fato que prova como eu sou a mina! Eu tinha informado que estava calçando um sapato com um salto de aproximadamente 5 cm, certo? Todos sabem que eu sou o desastre ambulante, vide a minha falta de intimidade com saltos! Pois bem, quando voltei pra casa, eu troquei o salto por um sapatilha para evitar possíveis dores, supondo que ficaríamos em pé na fila por um bucadinho de tempo. Acontece que quando eu fui me despedir da minha irmã, eu consegui a proeza de virar meu pé, mesmo usando uma sapatilha sem nenhum saltinho!!!!! 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Ombro amigo

Hoje eu fiquei em casa. Minha irmã ligou avisando que ocorreu um problema no pagamento do marido dela (policial aposentado) e depois de ser transferida para trocentos setores em uma ligação, ela teve de comparecer em um local próximo ao metrô Armênia. Nisso eu fiquei com meus sobrinhos Malu, Gá e o meu cunhado em casa. 

Já faz algum tempinho que eu ando num estado de incertezas. Não sei até quando aguentarei essa situação. Eu sempre penso que aprendi a lição e até chego a criar um padrão para evitar certos tipos. Mas não dá certo e volto para recuperação. Porque não posso controlar a vida. Afinal, nem eu mesma me controlo. Nós sabemos, já vem na bula da vida que vamos nos decepcionar com as pessoas, principalmente com aquelas que pensamos conhecer bem. Mas não podemos começar qualquer tipo de relacionamento (seja amoroso, de trabalho ou de amizade) já projetando o fim. O fim já chegou pra mim no início desse ano, mas teimamos em prorrogá-lo desastrosamente. É um jogo de gato e rato, de provocações e cinismo que acabou gerando uma estafa! E no fim eu chego à conclusão de que tudo foi mentira. E como há exatos 1 ano eu era a pessoa mais feliz do mundo, por estar num bom emprego, me sentindo útil, ter amigos maravilhosos e que a família estava por perto, mesmo que com alguns sobressaltos. 

Mas hoje percebo me com uma auto-estima chegando ao zero absoluto e tudo porque eu me importo demais com a opinião daqueles que eu julgava importante. Eu não deveria dar a mínima pois eu sei que você mente, dissimula e fala mal de todos para todos sem a maior cerimônia, fazendo um pensar mal do outro. Eu já estava perdendo os cabelos. Olha pra frente Shil, porque não vale a pena. Agora eu sei realmente como o Sam se sentiu quando o Frodo o expulsou e preferiu  companhia do Gollum rumo à Mordor. "It was a slap in the face". Qualquer um poderia ouvir suas historinhas, qualquer um poderia prestar atenção ao seu papo cheio "ética, moral e blábláblá", é só alguém se aproximar para você arreganhar sua vida!Eu não era sua amiga, apenas um par de ouvidos pra você jogar conversa fora. Me snto tão idiota por chorar tanto, mas tanto. O problema sou eu, só pode! Mas eu sempre tenho que confiar desconfiando? 

O que restou de mim? Não posso conversar com ninguém sobre os meus receios (mas você pode, né?), não posso expor qualquer ideia, não posso rir, não posso questionar mesmo falando do modo mais educado do mundo. Fico com dores de cabeça só de pensar que tenho que falar algo com você e ser mal interpretada, por que seu lema comigo agora é "cala a boca e obedeça". E eu nem preciso chorar as pitangas porque todos já estão vendo o que você está fazendo comigo. 

Mas o que toda minha lamúria tem a ver com o primeiro parágrafo? Ninguém da minha família sabe desse meu pequeno grande problema. Me sentiria uma fracassada ao contar isso pra minha mãe. Hoje fiquei muito sensível pela manhã, talvez pelo pouco caso ao telefone e também por ter revirado um pouco da minha vida em pastas guardadas no meu armário. A Maluzinha estava na sala, vendo Art Atack e eu fui tomar banho. Saí e fui ao meu quarto com o olhos segurando as lágrimas. Minha sobrinha entra e percebe. Bizu, você está chorando??? Não meu bebê, é que caiu espuma nos meus olhos (sou péssima pra criar mentiras). Sentei na cama e fiquei olhando pra baixo. A Malu pegou um paninho dela e deu para eu secar as lágrimas. Ai Bizu, só eu pra te ajudar. Toma, pra você ficar melhor ( e me dá um travesseiro em forma de coração escrito "Te quero bem"). Depois ela me abraçou tão forte que consegui esquecer dos meus problemas por um instante. Uma pena que eu não possa levar a Maria Luiza na minha bolsa para que eu sempre lembre que há um ombro amigo sincero.