quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão


No dia 29 do mês passado a Globo tinha exibido no Domingo Maior o filme X-Men III - O confronto final. É um bom filme ruim. Sim, eu não gosto muito dessa terceira parte. Eu não conheço muito as histórias dos mutantes pelas HQ's, talvez minha maior referência seja mesmo aquele desenho exibido pela TV Colosso. Mas não posso negar que os dois primeiros filmes da franquia foram muito bons. São ótimos exemplos de filmes pipocas mas com conteúdo. Eu sei que o diretor de X-Men e X-Men II, Bryan Singer, fez algumas alterações nos personagens, como uma Vampira com toques de Jubileu e ele ter colocado ela pra namorar o Homem de Gelo em vez do Gambit. Mas mesmo assim eu tenho um xodó por esses filmes. O primeiro eu assisti quando estreou na Tela Quente, em abril de 2002. Eu simplesmente caí de amores pelo Wolverine/Hugh Jackman (e qual mulher em sã consciência não cairia?). Devo aqui confessar que tenho fetiche por duas partes da anatomia masculina: as "saboneteiras" (aqueles ossinhos dos ombros) e o nariz! O cara pode ser o que for, mas tem que ter nariz bonito! Futuramente farei uma lista dos narizes mais lindos, hahahaa. Foco, voltemos ao foco do post. Pode parecer besteira, mas além das boas cenas de ação e do embate entre as ideologias do Xavier e Magneto (Sir Ian McKellen, magnífico), o que mais me chamou atenção foi a relação de amizade (chegando a ser algo fraternal) entre o Wolverine e a Vampira. A identificação pode ter ocorrido pela Vampira ser retratada como uma jovem ( e eu na época ia completar 16 anos); segundo que eu achava muito interessante a história dela, de não poder tocar as pessoas sem ferí-las. Automaticamente me lembrou dois outros personagens adoráveis: o Edward Mãos de Tesoura e o Ned da extinta série Pushing Daysies. Era inconcebível para mim uma pessoa não poder beijar, abraçar, andar de mãos dadas. Parece tolo, mas se a intenção do Synger era explorar esse lado triste da Vampira, parabéns ele me fez comprar a ideia. Como o próprio professor Xavier explica, a Vampira pode ser um perigo para ela mesma! E o Wolverine, um verdadeiro andarilho, que não sabe (ou sabia) nada a respeito do seu passado, que prefere viver sozinho, mesmo assim ele foi solidário com a jovem Marie. Novamente, não sei o quanto o diretor mudou as histórias desses personagens, mas no filme o enrendo envolvendo os dois funcionou perfeitamente. Diga-se de passagem, o Hugh fez do Wolverine um personagem bem mais interessante, não o representando apenas como um ser selvagem desacerebrado. Esse papel na mão de outro ator não fluiria. Momento mais marcante para mim? A cena dos dois na estátua da Liberdade. E o Synger conseguiu elevar o nível na sequência, lançada nos cinemas em 2002. Ele deixou a Vampira meio de lado e focou na Jean Grey. O roteiro fluiu de tal forma que os novos personagens foram introduzidos de forma natural, sem forçação de barra ou correria. As cenas de lutas continuaram ótimas, especialmente a invasão do Noturno na Casa Branca, a Mística entrando na fortaleza do Stryker e o embate entre o Wolverine e a Lady Lethal. O modo sutil que o filme critica o militarismo estado-unidense e a política de "prevenção' contra "as forças do mal" foram muito bem explorados. Uma pena que o Synger não tenha continuado no terceiro filme, indo assumir a direção do mediano "Superman - O Retorno". O final da franquia caiu nas mãos do Brett Ratner e na minha humilde opinião, a receita desandou. Uma coisa que eu não gosto nesses filmes é quando eles querem introduzir personagens de qualquer maneira, sem nenhuma explicação lógica. Um caso por exemplo foi a apresentação do Fanático. Outros ficaram só para preencher espaços, não acrescentando algo de diferente à trama (o Homem de Gelo, Vampira e a Lince Negra formaram o "triângulo amoroso" mais insosso dos cinemas, Colossus entrou mudo e saiu calado, o Pyro que tinha potencial para ser mais desenvolvido foi apenas um capanga do Magneto -  e que luzes horríveis eram aquelas no cabelo do menino???!!!). Personagens legais dos filmes anteriores simplesmente sumiram sem nenhuma explicação (como o Noturno), ou perderam relevância, premiados com pouquíssimas cenas (caso da Vampira e da Mística)  e a atriz que interpretou a Jean Grey/Fênix estava no piloto automático. Justo ela que estava tão bem no filme anterior!!! Pelo que percebi o Ratner não é um bom diretor de atores, mas também errou a mão em algumas cenas de ação. Principalemente na cena em que o Magneto eleva a ponte durante o dia e quando chega ao local onde está o mutante que promove a cura...tchans! está de noite! Tá, muitos defendem que era por-do-sol, mas gente, ainda não tinhas sinais que a noite chegaria e a prisão não era tão longe assim! Tudo bem, o Nolan cometeu erro semelhante em The Dark Knight Rises. 

Todo debate sobre a cura foi jogado para escanteio em prol de cenas de lutas. Nos filmes anteriores havia um equilibrio, um timming certo para deselvover e fazer o espectador refletir sobre a questão mutante e se divertir com as cenas de ação. Mas esse filme como um todo recebe uma nota 6,5. Um ator em particular me chamou muito a atenção: Ben Foster, que assuniu o papel do Anjo. Não muito pelos dotes de interpretação porque ele foi um daqueles que entrou mudo e saiu calado. Mas desde a primeira vez que vi a foto dele na revista SET eu pensei: nossa, esse cara lembra o Layne Staley, o falecido vocalista do Alice in Chains. Tá, vocês podem achar que é viajem minha, afinal o Ben é muito lindinho comparado à aparênica junkie do Layne. Mas mesmo assim, essa semelhança não saia da minha cabeça. Eu fiquei mais convicta que eles poderiam ser (vai lá) primos de primeiro grau quando vi um filmaço chamado "Os Indomáveis". É um western muito bacana, com o Chris Bale (eeerr, Batman) e Russel Crowe (o Gladiador) nos respectivos papéis de um fazendeiro cocho e falido e um perigoso e astuto bandido. E o danado do Ben Foster consegue destaque e rouba a cena como o comparsa do Crowe. Ele é muito rude, cruel e aparece sujo de terra, como se fizesse parte do ambiente hostil em que vivia. Pronto, eu já decidi: eu quero uma cinebiografia do Alice in Chains e o Ben Foster é meu Layne Staley! Hollywood ama uma biografia de músicos ou filmes com um conteúdo musical (Ray, Johnny e June, The Wonders, Velvet Goldtime, Quase Famosos, etc), qual mal faria se mais um fosse produzido?



Acima Layne e abaixo o meu eleito para representá-lo, Ben Foster

Confesso que meu projeto seria mais ambicioso: transpor para as telas "Mais pesado do que o céu - uma biografia de Kurt Cobain". Porém existe uma pedra chamada Courtney Love que com certeza meteria o bedelho na produção. Imagine as brigas homéricas entre ela, os produtores e os ex-integrantes do Nirvana (Dave e Krist)? Uma pena, porque eu já teria escalado o meu ator para viver o Kurt: Ryan Gosling. Além de certa semelhança física, ele é um ator competentíssimo, assistam Drive e depois me retornem! 


"Load up your guns and bring your friends..."


Mas um filme sobre o Alice in Chains, focado principalmente entre a amizade entre o Layne e o Jerry Cantrell (guitarrista) não seria nada mal. Primeiro que seríamos premiados com uma reconstituição do início dos anos 90, tão efervecente para o mundo do rock. Só no ano de 1991 fomos premiados com "Metallica" (o álbum negro), "BloodSugarSexMagik" dos Peppers, "Nevermind" do Nirvana, "BadMotorFinger" do Soundgarden, "Out of time" do REM e "Ten" do Pearl Jam. O filme não poderia ter um tom documental. Eu queria que ele tivesse uma fotografia e montagem que lembrasse os videoclipes da época. A câmera deveria passar aquela sensação de que está muito próxima dos personagens (mais ou menos como ela se comporta em Cidade de Deus). Como já citei, o legal seria um roteiro focado na amizade entre o vocal e guitarrista, com direito a flashbacks da infância deles antes de se conhecerem. O auge da carreira do Alice entre 1990 e 1994, os problemas com drogas, brigas internas e por fim o falecimento precoce do Layne em 05/04/2002 seriam registrados. Eu fiquei pensando qual seria o diretor para colocar isso nas telas. 


O primeiro nome que me veio foi do Cameron Crowe, que já dirigiu "Singles - Vida de Solteiros". Apesar do nome soar de um filme de comédia romântica, a história tem uma fictícia banda grunge de Seattle, o Citizen Dick. Inclusive o próprio Alice in Chains fez uma aparição nesse filme, tocando numa festa o sucesso "Would" (que faz parte da trilha sonora). Como o Cameron já se aventurou por esse universo, nada mais natural do que ele assumir a biografia do Alice. Outro diretor que tem minha simpatia é o Guns Van Sant. Já viram o clipe de "Under the Bridge", dos Peppers? Então, foi ele quem dirigiu. Eu acharia bárbaro se ele usasse o mesmo estilo de fotografia do clipe (meio etérea, como se as pessoas estivessem entre uma neblina suave) no filme. 


Ele também foi o diretor por trás de filmes como "Gênio Indomável", "Elephant" e "Ken Park"...ah, e filmou o clipe "Weird" dos Hanson, rs. Como título, eu tenho uma grande (porém ótima) dor de cabeça. Poderia ser "We die young", faixa de abertura do álbum "Facelift", por razões óbvias (Nós morremos jovens). Mas se a amizade é o fio condutor da narração, acho nada mais justo ser "No excuses", uma das mais belas músicas composta pela dupla e muito significativa para seus autores e por mim também (não consegui postar o vídeo da música, vai então a letra apenas):


Sem Desculpas

Está tudo bem
e então chega uma hora
Não tenho paciência para procurar
Por paz de espírito

Me acalmando
Quero pegar leve
Não mais se esconder ou
Disfarçar as verdades que eu vendi

Todo dia algo
Me torna mais frio
Me encontro sentado sozinho
Sem desculpas que eu saiba

Tudo bem
Tive um dia ruim
Mãos estão roxas de
Quebrar pedras o dia todo

Cansado e triste
Eu sangro por você
Você acha isso engraçado, bem
Você está afogando nisso também

Todo dia algo
Me torna mais frio
Me encontro sentado sozinho
Sem desculpas que eu saiba

Sim, esta tudo bem
Andaremos na linha
Deixaremos nossa chuva
Uma troca fria por um brilho de sol

Você, meu amigo
Eu irei defender
E se mudarmos, bem
Te amarei mesmo assim

Todo dia algo
Tudo tão frio me acerta
Me encontro sentado sozinho
Sem desculpas que eu saiba

Bom, agora eu vou aprimorar meu roteiro para apresentar a algum executivo de Hollywood! Oscar 2014, aqui vou eu!

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