quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Adeus, estou indo para casa

Vocês já viram o filme "O Artista"? Ele foi o grande vencedor do Oscar® deste ano. Entre as categorias que levou a melhor destacam-se a de melhor filme e a de melhor ator para o mais que charmoso Jean Dujardin (pronuncia-se Dujárdan). Eu assisti ao filme uma semana antes da cerimônia de entrega do Academy Awards, lá no Center 3. Só de me recordar de algumas cenas eu já abro aquele sorrisinho tímido de quem esconde um segredo e de tão egoísta, quero mantê-lo só pra mim! Um sorriso tipo Monalisa, embora eu esteja mais para Monacrespa.  Voltando ao filme, eu posso afirmar que ele é um deleite para quem curte o cinema sem o menor preconceito. Eu sou suspeita para comentar, afinal eu adoro e tenho profundo respeito aos clássicos da sétima arte e "O Artista" tece uma bela homenagem a eles.  Pode ser filme de terror, comédia, drama, suspense, ficção científica, se o filme for honesto em sua proposta, com um roteiro bom e que faça o telespectador se envolver com a história, ele já ganha minha simpatia e vale o ingresso. "O Artista" já me conquistou pelo fato de ser filmado em preto e branco e retratar a década de 20 (se eu pudesse só me vestia como as mulheres dessa época). A história é o apogeu e queda do ator George Valentin (Dujardin), grande astro do cinema mudo. Tudo estava perfeito até o advento dos filmes com sons. Ele não aceita essa nova técnica e isso torna-se a sua derrota e entrada para o ostracismo, enquanto a simpática Peppy Miller, que começou como figurante dos filmes de Valentin, atinge de forma meteórica o estrelato. 





Mas o que me fez lembrar "O Artista" justo agora, quase oito meses depois de vê-lo? Minha identificação com George Valentin aumentou após minha demissão. A estrela dos filmes mudos estava em sua zona de conforto e (muito provável) sua arrogância e ego foram os maiores responsáveis para sua decadência. E eu que fui sempre tão centrada (e por muitas vezes burocrática) não dei continuidade a um aperfeiçoamento. Eu me contentava em ouvir que era boa no que fazia. Acredito que contribuiu em alguns aspectos, gostava de apresentar sugestões para tornar os procedimentos mais claros e práticos. Tínhamos muita autonomia e uma certa liberdade, que ocasionalmente muitos confundiam com libertinagem. 

O que ainda me deixou entristecida foi o motivo dado para minha demissão. Eu não teria mais o perfil que eles esperam. Opa, pera lá, conforme em uma das últimas reuniões, o plano da equipe ser "híbrida" foi adiado devido a não colaboração de algumas pessoas da equipe e eu fui uma, ou senão a única que tinha feito conforme combinado. E conforme meu último feedback, eu estava acima da meta estipulada. Não que eu fosse a perfeita. Me incomodava muito o modo como a equipe era gerida - não tínhamos mais feedbacks, nem reuniões, o que era acordado num momento era desfeito no minuto seguinte. Tinha muito de "entre nós dois", como se fossem favorzinhos. E a coisa começou a afundar porque eu já não escondia meu descontentamento e me sentia uma "off" do lugar (fatos já descritos no texto Ombro Amigo). Mas eu entendo que eu deveria ter me controlado mais e focar mais no que estava fazendo. Eu levo meu trabalho a sério, nunca precisei inventar historinha para justificar uma falta, sempre fazia de tudo para evitar atrasos, e só deixava de responder um e-mail após consultar meu supervisor. Mas eu era muito burocrática. Porém como eu iria conseguir uma autonomia, sendo que o próprio local não me inspirava segurança? Eu já estava no piloto automático. Talvez o motivo principal para minha demissão foi o meu comportamento. Eu reconheço que estava perdendo o controle e deveria fazer vistas grossas pra tudo que via. É, realmente, sincerocídio mata. 

Quero nesse momento descansar e levar uma vida "espartana+ateniense", ou seja, alternar momentos de turbinar o cérebro com a malhação! E realizar o que eu sempre gostei mas estava sem muito tempo: aproveitar o que há de mais simples na vida. Talvez seja  hora de eu rever "O Artista" para me inspirar no final do George Valentin (indico que vocês também vejam esse filme!). 

E por fim, agradeço todos os momentos vividos, bons e ruins, afinal como há numa música cantada pela Elis, "Vivendo e aprendendo a jogar, vivendo e aprendendo a jogar. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo mas aprendendo a jogar"

Sugestão de trilha sonora:


Não há necessidade de você dizer que você está arrependida
Adeus, eu estou indo pra casa
Eu não ligo mais, então não se preocupe
Adeus, eu estou indo pra casa

Eu odeio o jeito que mesmo você
Sabendo que está errada, diz que está certa
Eu odeio os livros que você lê e todos seus amigos
A sua música é uma merda, ela me deixa acordado toda a noite

Não há necessidade de você dizer que você está arrependida
Adeus, eu estou indo pra casa
Eu não ligo mais, então não se preocupe
Adeus, eu estou indo pra casa

Eu odeio o jeito que você é tão sarcástica
E você não é tão esperta
Você pensa que tudo que fez é fantástico
A sua música é uma merda ela me deixa acordado toda a noite

E será bom ficar sozinho
Por uma ou duas semanas
Mas sei que estarei
De novo com você

Não há necessidade de você dizer que você está arrependida
Adeus, eu estou indo pra casa
Eu não ligo mais, então não se preocupe
Adeus, eu estou indo pra casa


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