Mas o que me fez lembrar "O Artista" justo agora, quase oito meses depois de vê-lo? Minha identificação com George Valentin aumentou após minha demissão. A estrela dos filmes mudos estava em sua zona de conforto e (muito provável) sua arrogância e ego foram os maiores responsáveis para sua decadência. E eu que fui sempre tão centrada (e por muitas vezes burocrática) não dei continuidade a um aperfeiçoamento. Eu me contentava em ouvir que era boa no que fazia. Acredito que contribuiu em alguns aspectos, gostava de apresentar sugestões para tornar os procedimentos mais claros e práticos. Tínhamos muita autonomia e uma certa liberdade, que ocasionalmente muitos confundiam com libertinagem.
O que ainda me deixou entristecida foi o motivo dado para minha demissão. Eu não teria mais o perfil que eles esperam. Opa, pera lá, conforme em uma das últimas reuniões, o plano da equipe ser "híbrida" foi adiado devido a não colaboração de algumas pessoas da equipe e eu fui uma, ou senão a única que tinha feito conforme combinado. E conforme meu último feedback, eu estava acima da meta estipulada. Não que eu fosse a perfeita. Me incomodava muito o modo como a equipe era gerida - não tínhamos mais feedbacks, nem reuniões, o que era acordado num momento era desfeito no minuto seguinte. Tinha muito de "entre nós dois", como se fossem favorzinhos. E a coisa começou a afundar porque eu já não escondia meu descontentamento e me sentia uma "off" do lugar (fatos já descritos no texto Ombro Amigo). Mas eu entendo que eu deveria ter me controlado mais e focar mais no que estava fazendo. Eu levo meu trabalho a sério, nunca precisei inventar historinha para justificar uma falta, sempre fazia de tudo para evitar atrasos, e só deixava de responder um e-mail após consultar meu supervisor. Mas eu era muito burocrática. Porém como eu iria conseguir uma autonomia, sendo que o próprio local não me inspirava segurança? Eu já estava no piloto automático. Talvez o motivo principal para minha demissão foi o meu comportamento. Eu reconheço que estava perdendo o controle e deveria fazer vistas grossas pra tudo que via. É, realmente, sincerocídio mata.
Quero nesse momento descansar e levar uma vida "espartana+ateniense", ou seja, alternar momentos de turbinar o cérebro com a malhação! E realizar o que eu sempre gostei mas estava sem muito tempo: aproveitar o que há de mais simples na vida. Talvez seja hora de eu rever "O Artista" para me inspirar no final do George Valentin (indico que vocês também vejam esse filme!).
E por fim, agradeço todos os momentos vividos, bons e ruins, afinal como há numa música cantada pela Elis, "Vivendo e aprendendo a jogar, vivendo e aprendendo a jogar. Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo mas aprendendo a jogar"
Sugestão de trilha sonora:
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