terça-feira, 5 de junho de 2012

De parar o trânsito


Na terça-feira, 22 de maio, já corria o boato de que os funcionários do Metrô entrariam em greve. Não vale aqui a pena discutir a legitimidade da greve. O que conversávamos lá no meu trabalho era a possibilidade de atraso ou até mesmo falta dos funcionários. É verdade que o quadro de funcionários de empresas de call centers são formados por jovens e muitos deles residem em bairros mais distantes do centro, praticamento no extremo da cidade, tendo que na maioria das vezes precisar pegar mais de uma condução para chegar ao trabalho. Por outro lado, a greve não era mais surpresa para ninguém, então acho que não há nenhuma dificuldade em se programar com antecedência, ver a possibilidade de uma carona, por exemplo. Como diria um antigo supervisor, "para ir viajar ou balada, todos encontram um jeitinho para ir, agora para cumprir suas obrigações, como ir ao emprego, isso se torna impossível". 

Eu moro em uma região que tem várias opções de transporte para ir a qualquer lugar de São Paulo. Greve nenhuma seria motivo para eu faltar. Há 2 ônibus que me levam diretamente para a Barra Funda, além de poder pegar qualquer ônibus que segue para Santana e de lá há 4 ônibus que vão para a Barra Funda também. Fogo foi o tempo que levei para chegar lá. Saí de casa às oito da manhã. Mandei uma mensagem para o celular da Danielly, responsável em tormar conta da tchurma nas férias do supervisor. Ouvi no rádio que o metrô da linha 1-Azul funcionava entre as estações Luz e Ana Rosa e a linha 3-Vermelha entre Bresser e Santa Cecília. Ou seja, teria que encarar um ônibus possivelmente lotado. Peguei o primeiro que veio, o Brás (meu plano seria descer em Santana e esperar um outro que seguia para Barra Funda). Para a minha alegria ele não estava cheio, pude até me sentar. Mas o trânsito estava parado. Nunca demorei tanto no trajeto da Luiz Dummond Villares. As motos costuravam o trânsito e havia poucas pessoas que optaram pela bike. Me arrependo amargamente de não ter o hábito de andar de bicicleta. A única que tive foi há mais de 15 anos. Meu pai não esqueceu da minha Caloi e me deu a clássica Caloi Ceci, branca com detalhes em rosa e roxo. Mas eu só andava pelo bairro mesmo, não me atrevendo a ir numa grande avenida ou ruas mais movimentadas.

Eu continuava a mandar SMS à Danny, fazendo do meu celular uma espécie de GPS. Já eram nove horas e ainda estava em Santana. A fome apertou, fileiras intermináveis de carros e ônibus, minha opção não foi outra: desci e fui tomar café no McDonald's. Para o meu desagrado eles não vendem mais o EggMuffin, então tive de contentar com um queijo quente do chefe, chocolate quente e uma tortinha de maçã. Comia e acompanhava o (não) movimento do trânsito. Por fim peguei no Ana Rosa e cheguei na Barra Funda às onze horas (!!!!!) no trampo. Depois, mais à noite e já em casa, vi os noticiários sobre a confusão que a greve causou. São Paulo é uma cidade parada, seja com ou sem greve. Há muita gente para pouco espaço. E apesar de termos uma das conduções mais caras do Brasil (3 reais tanto para ônibus, metrô e CPTM), são nos oferecidos um dos transportes públicos mais precários. Junte isso a falta de educação da maioria das pessoas e não há jeito, o estresse derruba a gente. Eu sempre andei muito de metrô, desde pequenina, quando ia com minha mãe até o serviço dela lá no centro de Sampa. Não me recordo de sofrer esse aperto que passo hoje. Fui até confirmar com ela esse fato, uma vez que meu cérebro pode guardar apenas as memórias boas. Realmente há 20 anos atrás São Paulo não tinha essa quantidade absurda de gente, a cidade cresceu. A integração entre CPTM, Metrô e ônibus aumentou e muito graças ao bilhete único, o problema é que eles não estavam preparados para tamanha demanda. Já ouvi até uma história que o próprio governo do Estado estão boicotando o Metrô, para que assim ele possa ser privatizado logo. Meio conspiratório. Mas às vezes eu chego acreditar nisso, principalmente quando estou no Metrô parado na estação Carandiru e vem a voz do condutor, "Devido a falha do trem na estação Sé, os trens estão andando com velocidade reduzida e com tempo maior de parada". Mas ao chegar na Sé você o condutor falar na maior cara de pau, "Devio a falha de uma composição na estação Portuguesa Tietê, os trens estão andando com velocidade reduzida e com tempo maior de parada". Tá escrito palhaça na minha cara, seu condutor?

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