quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Leio, logo existo



Uma das páginas que eu mais gostei de curtir no Facebook foi a 365 filmes em um ano. O responsável compartilha imagens belíssimas de filmes e bastidores do cinema, além de fazer comentários muito bons. O título da página merece uma explicação: o autor resolveu assistir a 365 filmes em um ano, mas logicamente não devemos interpretar ao pé da letra. Fica um pouco inconcebível ver um filme por dia, só uma pessoa bem desocupada privilegiada para fazer algo do tipo. Mas sempre há uma chance de realizar uma sessão pipoca para curtir dois ou até três filmes na sequência. O legal é que ele não foca apenas nos lançamentos no cinemas pois ele também deseja ver os grandes clássicos e pérolas perdidas. Eu comecei citando o 356 filmes... por que eu resolvi criar um desafio semelhante para mim, mas saem de cena os filmes e entram os livros. 

Tudo começou num momento Amélia (aquela que não tinha a menor vaidade, aquela que era mulher de verdade), quando resolvi arrumar meu armário de livros. Tarde quente e sem absolutamente nada para fazer, me entreguei de corpo e vontade ( e não de corpo e alma pois eu não acredito no conceito de alma) à arte de organizar livros. Primeira coisa que percebi: eu tenho livro pra carai!!! Claro que junto dos meus tesouros há alguns intrusos. Por exemplo, eu nem sabia que nós temos dois livros do Gabriel Chalita (para quem não é de São Paulo, o Chalita já foi secretário da Educação, foi candidado a prefeito de Sampa e ainda é amigo dos padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo), entre eles o Pequeno Filósofo. Percebi também que minha mãe guarda umas sete bíblias (entre tradicionais e de tamanho mini); querem saber quantas vezes eu a vi lendo uma bíblia? NENHUMA! É como eu sempre digo, minha mãe não é católica e sim poser! Há muitos livros do Augusto Cury, o expert em livros de auto-ajuda, e também a dona Zíbia Gaspareto tem lugar cativo entre as mulheres da minha casa e eu, não querendo ser do contra mas já sendo, não tenho apreço por nenhum dos dois. O primeiro sempre reforça aquela impressão de que livros de auto-ajuda são guias ou manuais práticos para todo e qualquer problema que afeta o ser humano. São diversos livros lançados que eu me sinto obrigada a questionar, 'as pessoas são tão burras para encarar a vida com os próprios passos?" A literatura é, antes de tudo, um estado de inquietação, não importando o gênero, ele tem que deixar o leitor pensar por si próprio e não trazer soluções mágicas para todos os males da humanidade. Claro que muitas histórias nos levam ao aprendizado (a famosa moral da história), mas o mais gostoso é aprender sem perceber. É embarcar num enredo gostoso que te faça compreender o personagem. E eu ainda prezo por um texto bem elaborado, adoro interpretá-los, não aceito nada assim dado de bandeja. Eu costumo me definir como uma amante de figuras de linguagem: metáforas, "metádentros", metonímias, aliterações, paráfrases...ai se um anacoluto passa na minha frente! Favor não confundirem texto elaborado com texto repleto de palavras difíceis e ideias truncadas. Há autores que conseguem nos presentear textos deliciosos com temas e linguajar ultra simples! Já os livros denominados espíritas não me cativam por que eu simplesmente não acredito em espíritos. O único defunto-autor que reconheço e aprovo é o Brás Cubas. Sei lá, mas não é estranho a Zíbia levar toda a fama por histórias sussurradas por outra pessoa? Em todo o caso, eu sempre comento com minha mãe, "Olha mulher, caso eu esteja errada e exista vida após a morte, eu vou contar um monte de histórias no ouvido da Zíbia e se ela quiser publicar, vai ter que dividir os lucros com meus parentes!"

Deixando de lado esses títulos, tratei de separar meus livros e deixá-los numa localização mais acessível dentro do armário (ou seja, Augusto Cury e Zíbia lá pro fundão). Se a Pâmela tem o hábito de cheirar livros aqui ela faria a festa, com direito a muitos espirros. Comecei a empilhá-los em cima da cama da minha irmã, depois fiz uma lista anotando o nome de todos, seguido pelo nome de cada autor e editora. Por fim, eu estava doidinha por não conseguir escolher a melhor forma de organizá-los: em ordem alfabética, por nome dos autores, editoras ou gênero. Acabei optando por ordem de tamanho (!). 





Eu dei falta de alguns livros que marcaram a minha infância. Na verdade eu não sei se eles foram doados ou se estão nos armários que ficam ao lado da lavanderia (sinto calafrios só de imaginar o estado de conservação). Não foi nenhum parente que me iniciou o hábito da leitura, tão pouco foi na escola. Muitos programas que gostava de ver na infância ( e se pá vejo até hoje na Tv Rá Tim Bum) sempre indicavam livros, como um quadro do X-Tudo ou no Mundo da Lua! Nem preciso comentar que meu cômodo favorito do Castelo Rá-Tim-Bum era a biblioteca, né? Um livro que nunca me esquecerei é o Bulunga, o rei azul, que conta a história de um gato azul e que só gostava dessa cor (hoje eu desconfio que ele seja um torcedor do Chelsea). Uma história aparentemente simples mas que tratava do preconceito. Outro bacana foi A colcha de retalhos, que narra a história de um menino, Felipe se não me falhe a memória, que tem uma avó costureira. Um dia ela fez um colcha com vários pedacinhos de roupas do netinho, para que ele pudesse se recordar de cada passagem da vida dele. Ele ficou lá se lembrando de várias coisas até que começou sentir uma saudade danada da vovó. A atividade sobre esse livro foi bacana, a minha professora propôs que nós levássemos um pedaço de roupa e que revelasse a história ligada a ele. Eu tinha levado um pedacinho do vestido que usei no casamento da minha irmã Luciana. Ele aconteceu no dia 7 de setembro de 1996, como eu mesma declarei era o dia da MINHA independência. Ledo engano, lá se vão dezesseis anos e a Luciana continua muito presente na minha vida. Eu também já tive O diário de Anne Frank, eu li na sétima série mas eu devo ter emprestado para alguém que nunca mais me devolveu. Por isso livro é algo "imprestável" (do verbo não empresto mesmo!). 

Porém não posso me queixar da quantidade de livros guardados aqui, são 81 livros que além de suas histórias originais, carregam também parte da minha história. Cada título me faz voltar ao passado e lembrar o que aconteceu naquele tempo. Os livros são os retalhos que compõe minha colcha. Por isso eu resolvi qu 2013 será o meu ano da leitura, pois pretendo ler 365 livros no ano. Claro que incluirei os livros da minha coleção, será um prazer reler algumas obras e ver se minha concepção mudou muito. Parece loucura mas não deixa de ser um desafio e tanto. Logicamente meus pulos até a Biblioteca serão mais constantes. Porém não quero me pressionar muito só para atingir a meta de 365 livros. Não quero ler por ler, quero me atentar ao texto, refletir e expandir meu HD (também conhecido como cérebro). O mais bacana é que ao fim de cada leitura eu vou escrever sobre esse epopeia literária (fiquem tranquilos, não darei spoiler sobre a trama), tecendo comentários sobre a obra e fatos curiosos que envolvam meu relacionamento com o livro. Com certeza não será tedioso para mim. A minha ideia de felicidade atualmente é ler um bom livro, ouvir boa música e apreciar um bom filme. E se tiver alguém que embarque nessa aventura será bem vindo!

2 comentários:

Paula Dantas disse...

Caaara, como você vai ler 365 livros no ano?? Você teria que ler um por dia, ou vários num dia, impossible! Hahaha.

Mas, bem, voltando ao texto, nossa a coisa que eu mais amo na vida é ler! Eu não respeito quem não lê, de verdade, haha.

E, quanto a sugestão de livros, nos últimos dias eu terminei de ler a trilogia Milleniun (aquela dos Homens que não amavam as mulheres, sabe?) que é maravilhosa! Mas, o último livro que eu li, foi o Precisamos Falar Sobre o Kevin. É totalmente mind-blowing! Sério, minha última sessão de terapia foi toda sobre ele, hahaha. ELe é sensacional, mas super te puxa pra baixo, hahaha!

Ótimo texto! Beijos.

Pâmela Rodrigues disse...

Shiiiiil!!! Adorei a sua ideia, sério! O post realmente está maravilhoso! Você disse que o livro é a sua colcha de retalhos... pois bem! Papisa Joana me leva ao jogo do Palmeiras em agosto de 2011 contra o Corinthians, em que o Verdão ganhou de virada. Kkkkkkk, livros velhos eu tive que parar de cheirar pq o meu pai disse q eu ia ficar doente rs. Estou fazendo uma lista aqui também. Só não sei se lerei todos os que pretendo. Talvez sim! Preste para letras no ano que vem! Beijos :D