terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Eu não sou nenhuma Saint

Eu não gostava do meu nome, Silvia, porque ele dá a impressão de batizar uma pessoa mais velha. Quando eu o ouço, me veem a cabeça a imagem de uma mulher de cabelo cor acaju, com óculos de aro grosso, aparência cansada e vestindo um tailler cafonérrimo (nossa, acabo de descrever a Dilma Roussef). O responsável por eu ser Silvia foi meu pai; num lance de total falta de criatividade ele colocou o nome da minha mãe em mim e isso acaba gerando confusões, principalmente quando ligam em casa e ninguém sabe se é para mim ou ela. Versão live action de Bob pai e Bob filho.

Acontece que até a primeira metade da década passada eu nunca vi Silvias com algum tipo destaque. As apresentadoras infantis eram a Xuxa, Mara, Mariane, Angélica - nenhuma xará... Havia sim uma personagem no -Tim-Bum (Tv Cultura), a cobrinha Silvia, de dois famosos bordões: "o meu nome não é Silvia, é Sssssssssssssssssilvia" e "da próxima vezzzzzzzzz, eu te pego". Não posso ser injusta e esquecer de citar uma apresentadora que marcou época, embora fosse de um programa direcionado a um público mais velho: a Silvia Poppovick (Band). Era comum fazerem piadinhas devido a semelhança dos sobrenomes :"ah você é a Silvia? Silvia Pupovick?" Lembram de alguma atriz com esse nome? Tirando do baú tem a Silvia Bandeira (que era coadjuvante do coadjuvante do coadjuvante) e a Pfeifer (que nunca mais vi atuando). Trauma maior foi saber, no colegial, que existe uma atriz pornô chamada Sylvia Saint!!! Para seus fãs, ela é mesmo uma santidade... "Silvia, eu sei que você 'Saint' muito..."- sinto uma raiva do caramba por esse trocadilho cretino¬¬.

Mas o momento de reconhecimento chegou!!!! Tudo começou com a personagem feita pela Alinne Moraes na novela "Duas Caras" (ok, a Silvia era uma psicopata, mas pelo menos já era antagonista do horário nobre). Nos cinemas tivemos duas cinebiografias em que Sylvias foram brilhantemente apresentadas. A primeira em 2003, "Sylvia - Paixão Além das Palavras", tem como protagonista Gwyneth Paltrow. A história de Sylvia Plath, uma das mais famosas novelistas da literatura norte-americana. Nascida em Boston durante a Grande Depressão, Sylvia ainda jovem tentou cometer suicídio, na casa de sua mãe. Ela viaja à Inglaterra para estudar em Cambridge e lá conhece o jovem poeta Ted Hughes (Daniel Craig, vulgo 007), por quem se apaixona e vive um longo romance. O segundo foi "Em Busca da Terra do Nunca", no qual Johnny Depp é J.M Barrie, autor de peças teatrais, que apesar da fama que possui está enfrentando problemas com seu trabalho mais recente, que não foi bem recebido pelo público. Em busca de inspiração para uma nova peça,Barrie a encontra ao fazer sua caminhada diária pelos jardins Kensington, em Londres. É lá que ele conhece a família Davies, formada por Sylvia (Kate Winslet), que enviuvou recentemente, e seus quatro filhos. Barrie logo se torna amigo da família, ensinando às crianças alguns truques e criando histórias fantásticas para eles, envolvendo castelos, reis, piratas, vaqueiros e naufrágios. Inspirado por esta convivência, Barrie cria seu trabalho de maior sucesso: Peter Pan. Dica da Shil: tenha ao lado um caixa de lencinhos...


E a escalada "silvística" chega à música. Basta de Camisa de Vênus nos chamarem de piranha!Agora sei que o rei Elvis e Chiquito Buarque têm lindas canções com nosso sagrado nome. E há uma cantora que fisgou meu coração, ela pegou, pegou , pegou no meu pé! Silvia Machete, simplesmente mulher, tem um talento circense, linda voz, falta de pudor e ares de atriz. Ela não se limita a cantar: em cima do palco Silvia assobia, toca violão, rebola o bambolê, fuma um baseado (de orégano) e toma um drink. Adotei suas interpretações como hinos - afinal, são músicas safadas para corações românticos! Não seria exagero dizer que graças a Machete, eu tenho orgulho em ser Silvia. "Eu não sou nenhuma santa"

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